7.5.07

Depois

Olhei para o relógio do telemóvel: cheguei demasiado cedo, depois olhei lá para fora: cinzento, depois olhei à minha volta: uma estante com livros: num papel colado com fita-cola dizia “biblioteca para troca”: uma espécie de Bookcrossing falido, depois olhei para baixo, em baixo: o saco das prendas. Ainda: um pequeno prolongamento do fim-de-semana: Leva-me lá isto, trazes-me na segunda-feira, trazes?, é que numa festa ilegal tecno-punk (eu a pensar: o que é tecno-punk?) de certeza que não há bengaleiro.
Não havia.
Havia açúcar biológico, havia papel higiénico Renova - não do Lidl, não daquele reciclado que irrita a pele, mas Renova - havia gente que me vinha pedir coisas emprestadas (objectos preferidos: canetas e isqueiros) e mas devolvia: um bocado incrível isto, havia uma mesa de ping-pong, havia matrecos, havia um parque infantil cheio de punks a andar nos cavalinhos às 7 da manhã, mas realmente bengaleiro que dava jeito, não havia. Ok, o açúcar biológico deu muito jeito, mas não para mim que me portei à altura das cervejas que bebi equivalentes aos anos que fiz.
Agora exagerei uma beca. Afinal ainda não estou assim tão velha.
Isto tudo depois de um caminho de cabras depois de entrarmos por um buraco na parede depois de esperarmos (por um alguém que nunca se soube quem era) no cume de uma pequena montanha com vista para para o dia que nascia, depois de uma viagem de comboio a falar sobre coisas que já esqueci (acho que falámos de filmes de que eu não gosto porque me fazem rir: ninguém me entende, mas não faz mal), depois de (quase) todos se terem ido embora, depois de uma festa com os meus berlinenses preferidos, depois de eu me divertir muito sem realmente saber se os outros se estavam a divertir ou não (porque eu estava divertidíssima e é difícil ser objectiva nestas alturas), depois de um bolo de chocolate com cobertura de chocolate e recheio de chocolate (acho que ainda havia mais qualquer coisa com chocolate), depois de cantarmos os parabéns em 4 línguas diferentes (a última, em alemão é que foi um bocado murcha, não sei porquê), depois de as pessoas irem chegando e eu ir avisando: não me dês os parabéns antes da meia-noite, olha que dá azar (dá?), depois de eu ter chegado primeiro, cedo demais, sempre cedo, depois de tudo isto e mais ainda, havia Berlim com açúcar biológico. E, bom, depois disso tudo veio o resto na forma de domingo de sol: o dia em si. Ah sim, e a idade também veio. Já cá faltava realmente.

1 Kommentare:

Anonymous Anonym meinte...

E uns podem ter desejado cedo, mas eu já vou muito tarde, enfim:parabens!!!
C

9:11 AM  

Kommentar veröffentlichen

Abonnieren Kommentare zum Post [Atom]

<< Startseite