Sem título (duas mulheres)
Enquanto lavava as mãos, vi uma mulher mais velha que olhava para mim pelo espelho. De olheiras cansadas e rugas de preocupações prematuras
Deitada na relva, uma mulher, de corpo caído, de corpo atirado ao chão, deixado cair, resignado ao destino que não tinha conseguido tornear,
(as rugas e as preocupações),
expirada a última réstia de ar que lhe sobrava nos pulmões. Ao seu lado, uma mala de viagem com a pega virada para cima, colocada do lado da mão direita, poisada cuidadosamente na relva antes que o corpo se tornasse um peso morto e tivesse caído e ali se tivesse deixado ficar,
de um filho na barriga que eram as últimas semanas, o filho que não era mais do que um grande balão de ar que a fazia arquear as costas derreada pelo peso da vida,
a mala: a última testemunha do seu tempo de mulher ainda levantada. Antes de o comboio entrar no túnel, alguém que se acercava a passo urgente, o tempo de dois segundos,
como se só agora a vida lhe tivesse começado a pesar, como se até agora a tivesse levado a brincar.
o tempo de a ver cair, caída, já não sei o que veio primeiro, se eu que a vi cair, se ela que caíu antes de eu a ver caída.
Quando, ao voltar para trás, a procurei no mesmo sítio,
Enquanto lavava as mãos, antes do jantar,
encontrei a relva vazia.
uma mulher mais velha deixou de olhar para mim.
Deitada na relva, uma mulher, de corpo caído, de corpo atirado ao chão, deixado cair, resignado ao destino que não tinha conseguido tornear,
(as rugas e as preocupações),
expirada a última réstia de ar que lhe sobrava nos pulmões. Ao seu lado, uma mala de viagem com a pega virada para cima, colocada do lado da mão direita, poisada cuidadosamente na relva antes que o corpo se tornasse um peso morto e tivesse caído e ali se tivesse deixado ficar,
de um filho na barriga que eram as últimas semanas, o filho que não era mais do que um grande balão de ar que a fazia arquear as costas derreada pelo peso da vida,
a mala: a última testemunha do seu tempo de mulher ainda levantada. Antes de o comboio entrar no túnel, alguém que se acercava a passo urgente, o tempo de dois segundos,
como se só agora a vida lhe tivesse começado a pesar, como se até agora a tivesse levado a brincar.
o tempo de a ver cair, caída, já não sei o que veio primeiro, se eu que a vi cair, se ela que caíu antes de eu a ver caída.
Quando, ao voltar para trás, a procurei no mesmo sítio,
Enquanto lavava as mãos, antes do jantar,
encontrei a relva vazia.
uma mulher mais velha deixou de olhar para mim.
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